No decorrer de quatro décadas de história da Escola Vila, várias manifestações foram feitas em defesa do meio ambiente: pela preservação de rios, lagoas e dunas; em defesa da Amazônia e dos povos indígenas, contra o corte de coqueiros da Beira-mar; pela limpeza da Praia do Futuro, contra o envio de lixo radioativo de Goiânia para Jaguaretama, no Ceará, dentre outros protestos que traziam à tona questões locais.
Essas manifestações são realizadas até hoje por meio de mobilizações, passeatas e abaixo-assinados. É o caso, por exemplo, de abaixo-assinados enviados pelos estudantes para a Organização das Nações Unidas (ONU) em defesa dos povos indígenas e em prol dos Cinco Artigos para o Futuro (Campanha de Jacques Cousteau), e para o Presidente da República reivindicando a defesa da Amazônia e pelo desarmamento. Todas essas atividades sempre envolveram as famílias e a comunidade.
Além das manifestações, são também encabeçadas campanhas e mobilizações de conscientização política, ambiental e social, dentre outras que tangem a preservação da vida no planeta. Campanhas sobre a gravidade e o impacto da energia nuclear, a educação no trânsito e a economia solidária são exemplos de campanhas que mobilizaram a Escola.
A Pedagogia Ecossistêmica tem como objetivo formar cidadãs e cidadãos atuantes no meio social, ambiental e política, pois acredita que a escola é um espaço de construção e formação, não apenas um lugar para se aprender conteúdos para passar numa prova.
Formar pessoas que lutem por direitos e por um planeta habitável para o hoje, para as gerações que ainda estão por vir. Somente através das vozes que clamam conseguiremos ser ouvidos e poderemos ter um mundo melhor.
Fortaleza enfrenta várias questões ambientais, uma que nos mobilizou foi a notícia da construção de vários edifícios na área de uma antiga salina desativada no rio cocó, onde já havia sido construído em área de preservação o shopping Iguatemi. Nos reunimos com diversas entidades e movimentos para realizarmos a “Festa da Cidade”, com o tema “S.O.S. Cocó” no parque Adail Barreto, com o objetivo de alertarmos a população sobre o rio e seu entorno serem degradados.
As manifestações em favor da natureza, sempre acontecia com os pequenos em passeio pela praça que ficava na frente da escola, já era o início do papel de cidadãos e cidadãs em busca de um mundo melhor.
Realizamos uma manifestação em defesa do bairro da Praia de Iracema, um ato contra a construção do hotel. As crianças juntamente com as famílias coletaram bastante assinaturas do abaixo assinado que foi entregue aos governantes.
No mês de junho/86, na Semana do Meio Ambiente, muitas manifestações foram realizadas em defesa das questões ambientais, como a discussão sobre a construção da barragem do Castanhão, a luta pela implantação da coleta seletiva nos bairros. Foi realizado um debate Meio Ambiente e Constituinte no Circo Voador, com parlamentares e movimentos ambientais.
Realizamos plantio no entorno da escola.
As crianças da Escola Vila convidaram outras escolas, para escreveram cartas com desenhos para o então Presidente José Sarney. O conteúdo das postagens objetivava sensibilizar as autoridades, para a importância da aprovação do Decreto pela Preservação do Rio Cocó e proteção do meio ambiente. Posteriormente, juntamente com várias entidades ambientalistas, organizamos uma passeata até os Correios para postar as correspondências e para denunciar o acidente nuclear da usina atômica de Chernobyl. Neste contexto cresceu nossa preocupação com o projeto que visava a exploração de urânio em Santa Quitéria, através da construção da Usina de Itataia. Tal fato nos aproximou do Grupo Ambiental da Bahia – GAMBA e da Associação Mineira de Defesa Ambiental – AMDA.
Esse ano foi marcado pelo o início da luta pela demarcação das terras indígenas do povo Tapeba. Para somar na mobilização organizamos juntamente com várias entidades, escolas, associações de moradores de diversos bairros e favelas, artistas e integrantes do Circo Voador, que estava em temporada em Fortaleza, uma grande manifestação na avenida Beira Mar, que teve a participação de aproximadamente duas mil pessoas. Os Tapeba encontravam-se, na ocasião, ameaçados pela indústria de biscoitos TBA.
A Lagoa de Parangaba estava sofrendo frequentes invasões e ameaças de construções ilegais. Frente a isso, a Escola Vila, o Partido Verde, os povos indígenas Tapeba e Tremembé e diversas entidades ambientalistas, organizamos um ato show em defesa da Lagoa de Parangaba. Integrando a programação às crianças com muita empolgação apresentaram o maracatu infantil da Vila.
Outros recursos hídricos importantes da cidade, encontravam-se igualmente ameaçados e avaliávamos a urgente necessidade de termos um representante com sensibilidade e compromisso para com as causas ambientais. Assim, iniciamos uma grande mobilização para que João Alfredo, deputado estadual e pai da Escola Vila, fosse integrante da comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Ceará.
Havia o anteprojeto de urbanização do Parque Papicu, a luta pela preservação do Rio Cocó, do Riacho Parreão e Pajeú, a reivindicação pela demarcação das Terras Indígenas dentre outras.
Graças as lutas dos movimentos e entidades ambientalistas tivemos algumas vitórias. O envolvimento das comunidades, povos indígenas e entidades ambientais agregaram forças e fortaleceram conjuntamente as lutas.
No Dia Mundial do Meio Ambiente foi entregue uma “Carta Ao Povo de Fortaleza” alertando para destruição acelerada dos recursos hídricos, poluições, expulsão de trabalhadores rurais, indígenas e pescadores de suas terras.
Na ocasião, houve uma coleta de assinaturas, programada pela Federação de Assistência Social e Educacional (FASE), para o encaminhamento de propostas de Reforma Urbana e Política Fundiária à Assembleia Nacional Constituinte. No entanto, a adesão da população foi frustrante.
Participamos no mês de agosto da realização do ato “Hiroshima Nunca Mais”, na Praça do Ferreira. Na ocasião, relembramos a data em que a cidade foi completamente destruída por uma bomba atômica na Segunda Guerra Mundial e distribuímos uma “carta aberta” chamando a atenção da população sobre o perigo da energia nuclear.
As comemorações da II Semana Internacional de Cientistas pela Paz, que tem como tema “Pela Paz Desarmada”, foi o momento símbolo da denúncia da fragilidade da política nuclear no Brasil.
O ano de 1987 foi marcado, pelo acidente radioativo de Goiânia, o maior já ocorrido no Brasil. No dia 13 de setembro um aparelho de radiografia abandonado, foi encontrado por catadores que o levaram para um ferro velho. Quando desmontaram o equipamento para retirar algumas peças, houve a exposição de uma cápsula de Césio-137, que contaminou centenas de pessoas, quatro delas morreram pelo contato com a radioatividade. A notícia abalou todo Brasil, a questão da energia nuclear sempre foi assustadora. O urânio no Ceará, é outra luta de todos nós para que não seja explorado.
Quando circulou a notícia da vinda do lixo radioativo de Goiânia para o Ceará. A Escola Vila juntamente com o Partido Verde, movimentos ambientalistas, artistas e outras entidades, organizamos uma manifestação na Praça da Igreja de Fátima. Travamos uma grande luta e conseguimos evitar a transferência do referido lixo radioativo para o Ceará.
A Escola Vila e diversas entidades: Instituto José Frota; Secretaria de Saúde do Município; Instituto de Previdência do Município; Associação dos Engenheiros Agrônomos e Tecnólogos; integrantes do Distrito 113 e Comunidades Pacifistas Cristãs, participaram da Manifestação do Dia Mundial da Saúde e Combate ao Fumo.
A Campanha manifestava a defesa do SUDS – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde, distribuindo uma Carta Aberta à população, divulgando o SUDS, a Carta Magna garante a saúde como direitos de todos e um dever do Estado.
Uma contribuição para a Assembleia Nacional Constituinte.
Os encontros de várias entidades com a comunidade indígena Tapeba, continuaram com o propósito de recorrer à justiça pela garantia de suas terras. Foi elaborado um documento assinado por várias entidades, que foi entregue ao Ministério Público, ao Presidente da República, a Funai e ao Incra.
Os encontros das entidades, nesse período, eram bastante atuantes e foi criado um movimento ambientalista, que contavam também com a participação de parlamentares que apoiavam as lutas:
A notícia sobre o spray e o aerossol afetar a camada de ozônio, foi um tema preocupante que mobilizou os alunos, familiares e o movimento ambientalistas, na discussão e pesquisa sobre os componentes químicos do spray. Os ambientalistas começaram os protestos contra a utilização do spray.
O ano era eleitoral, o uso do spray nas campanhas era massivo, apoiamos a campanha “limpa” do candidato a Prefeitura de Fortaleza, Mário Mamede. Mobilizamos vários artistas que pintaram um mural artístico na Praia de Iracema, na ocasião foi realizado um show, um protesto contra a utilização do spray e contra a poluição visual utilizada nas campanhas.
O Partido Verde e Escola Vila realizou um Ato em Memória a morte de Chico Mendes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri no Acre, premiado pela ONU por sua luta em Defesa da Amazônia. Como ele, morreram inúmeras pessoas vitimadas pelo terror imposto pelos grandes latifundiários na região e pela omissão criminosa do Governo Federal.
Declaração de Chico Mendes antes da sua morte: “Se descesse um enviado do céu e garantisse que minha vida iria fortalecer a nossa luta, até que valeria a pena, mas a experiência nos ensina o contrário. Ato público e enterro numeroso não salvarão a Amazônia, então eu quero viver.”
Todos nós do movimento ambientalista do Ceará, participamos da Campanha em Defesa de Preservação da Amazônia, quando o roqueiro inglês Sting veio ao Brasil e criou a Fundação Mata Virgem, para angariar recursos para demarcação das terras indígenas.
Sting realizou a gravação da composição “The Spirit of the Florest” com vários artistas brasileiros, todo recurso arrecadado foi revertido em favor dos povos indígenas e das matas ameaçadas na Amazônia.
A Escola Vila, partidos políticos, entidades como IAB, Socema, AGB, OAB, Arquidiocese, movimentos ambientalistas, dando continuidade a luta pela preservação do rio cocó – SOS Cocó, organizou uma vasta programação com palestras, passeio e um domingo no Parque, pela preservação do meio ambiente.
No mesmo período foi denunciado a ocupação ilegal do projeto do Lagamar, a defesa da Ponte Metálica através da Associação dos Moradores da Praia de Iracema (AMPI).
As crianças souberam da notícia que o espaço onde os circos se instalavam em Fortaleza, bem próximo a escola, iria ser construído uma sede do Banco do Estado do Ceará – BEC, isso gerou um grande debate entre as crianças, onde somente duas apoiavam o banco.
Iniciamos uma grande mobilização para defender um dos poucos espaços de lazer existentes em Fortaleza.
A discussão envolveu toda equipe da escola, familiares e assim criamos um abaixo assinado com o apoio da comunidade, pedindo à Prefeitura a desapropriação da área em benefício da população.
A programação da Semana do Meio Ambiente foi marcada por várias manifestações, com passeatas e com manifestações, a voz das crianças clamavam pela Natureza e pediam que respeitassem o meio ambiente. O aterro na praia para a construção do Marina Park, gerou discussões sobre “para onde iria a água do mar que estava ali”, e viram que os problemas de alagamentos seriam por ocasião dos aterros em rios e no mar. Outro fator que ocasiona o alagamento são as construções que impermeabilizam as dunas, muitos não sabem que dunas são reservatórios de águas.