A Escola Vila, desde a sua fundação, sempre investiu no trabalho com as comunidades,
facilitando formações de professores de escolas comunitárias e públicas; fazendo
doações de material escolar; levando a escola para a comunidade ou a comunidade para
a escola, afim de compartilhar os espaços sociais diferenciados, valorizando a realidade
local com suas competências e saberes.
Dessa forma, a Pedagogia Ecossistêmica agrega valores fundamentais e propõe
atividades que extrapolam os muros da escola, ações, atitudes que a Escola Vila adota
como exercício de cidadania.
A Escola Vila, em parceria com a Associação O Semeador, desenvolveu a Vila Social, que assiste crianças e jovens da comunidade do Sítio Correia, no distrito de Paripueira, município de Beberibe-CE.
A Vila Social atende alunos da Educação Infantil e estudantes do Ensino Fundamental no contraturno escolar. A Pedagogia Ecossistêmica é aplicada em sintonia com a Coleção Cuidando do Planeta Terra e com a teia curricular.
O resultado desse trabalho tem sido muito gratificante, pois cada aprendizado traz um impacto significativo para a vida da comunidade.
A vivência com os laboratórios da Pedagogia Ecossistêmica permitiu à comunidade construir um grande criadouro de galinhas e ovos, gerando renda para os moradores e enriquecendo a alimentação das crianças. Por meio desses ensinamentos, crianças e jovens também desenvolveram laboratórios de Horta e Farmácia Viva, promovendo o resgate da medicina natural com o uso de plantas medicinais. Além disso, construíram móveis com talos de carnaúba e produziram diversos artesanatos que proporcionaram geração de renda para toda a comunidade.
Uma horta na Escola Vila, em Fortaleza, tem significado diferente: ali os alunos plantam por prazer e descoberta. Já na Vila Social, a horta passa a integrar a sustentabilidade da comunidade.
A valorização e o resgate da cultura local, das competências e da sabedoria popular, florescendo como um jardim bem irrigado e cuidado, revelam a necessidade de investir em nossas comunidades, devolvendo ao povo a dignidade perdida ao longo da história.
No Ceará foi realizada a implementação da Pedagogia Ecossistêmica em três escolas no município de Beberibe, nas comunidades do Sítio Correia, na Ponta D’água II e no Campestre da Penha, durante 3 anos e 8 meses.
O trabalho obteve uma grande relevância nas três comunidades, os estudantes do ensino fundamental que não tinham adquirido o processo de leitura e escrita, em pouco tempo superaram as dificuldades.
A alegria dos estudantes de poder ter seus portfólios com conteúdos que até então não haviam visto, ter sua mochila era visível. O trabalho nos laboratórios de farmácia viva, horta, criadouro de galinhas, fez com que os alimentos da própria escola fossem colhidos no quintal.
As famílias passaram a ter mais atenção aos filhos, em função das tarefas dos projetos realizados que envolviam temas, que despertavam interesse com perguntas e entrevistas feitas pelos estudantes.
Quando o prefeito saiu o outro não deu continuidade, apesar do destaque que as escolas tiveram em todo município.
O trabalho foi além das salas de aulas, o estímulo e a valorização dos potenciais das comunidades, fez com que casas de farinhas que estavam fechadas fossem reabertas; além disso, as bordadeiras e rezadeiras passaram a ter um reconhecimento e envolvimento com a comunidade escolar.
No município de Cruz, a implementação da Pedagogia Ecossistêmica ocorreu na Educação Infantil. O trabalho realizado foi um sucesso para toda a comunidade, os estudantes aprenderam a ler na idade certa, mas no final do ano, mudou a prefeitura e o novo prefeito não deu continuidade. Mesmo sendo perceptível o desenvolvimento dos estudantes a interação das famílias com a escola, o envolvimento dos alunos em questões socioambientais e uma ampla visão de exercício de cidadania.
O trabalho da Escola Vila sempre procurou transcender a sala de aula, desenvolvendo os conteúdos das disciplinas de forma contextualizada e transdisciplinar visando à construção de uma sociedade menos fragmentada e mecanicista, mais tolerante e aberta, resultado que vemos nos estudantes egressos, adultos com consciência socioambiental e política. Um modelo de educação que consegue a alfabetização na idade certa, e estudantes que saem preparados para enfrentar o ensino médio e superior.
Várias e diversas atividades desenvolvidas pela Escola Vila, tem sido modelo para as escolas na cidade de Fortaleza e em outros estados como, o trabalho de horta, jardim, zoológico, cozinha, ateliês de artes etc. Com isso a Escola Vila teve, e ainda tem, um papel relevante na educação do Ceará, sendo referência na inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais desde a sua fundação, sendo pioneira na inclusão.
A cada projeto, A Coleção Cuidando do Planeta Terra estimula, como uma das tarefas, visitas às instituições de idosos, creches comunitárias, áreas de preservações, parques, dunas, comunidades indígenas e quilombolas. Nestes locais os estudantes têm a oportunidade conhecer novos lugares e pessoas de sua cidade, pesquisar, entrevistar.
Em 1986, quando Maria Luiza Fontenelle foi eleita Prefeita de Fortaleza, nomeou Dr. Mário Mamede como superintendente do IJF- Instituto José Frota.
Diante das dificuldades encontradas na pediatria no Instituto José Frota, a Escola Vila foi convidada pelo então Superintendente Dr. Mário Mamede, para realizar atividades semanais para as crianças internadas nas enfermarias.
Desenvolvemos um projeto voluntário de contação de histórias e teatro de bonecos. As histórias apresentadas no teatrinho eram elaboradas pelas crianças da Escola Vila, que, ao mesmo tempo também criavam os personagens feitos de sucatas.
Tínhamos uma equipe de professores voluntários, para contar histórias nas enfermarias, proporcionar brincadeiras, desenvolver atividades de desenho e pintura. A Escola Vila fazia doação de materiais e conseguimos junto a Editora Abril revistas em quadrinho, uma vez por semana o teatro era apresentado na capela.
Quando alguma criança se encontrava impossibilitada de se deslocar para capela, o teatro era acontecia na própria enfermaria onde a ela estava internada.
Com a ideia de humanizar e ocupar espaços públicos, em 2017, a Escola Vila aderiu ao Programa da Prefeitura de Adoção de Praças e Áreas Verdes e, com o objetivo de transformar a Rua D. Sebastião Leme (rua da escola) numa rua modelo, desenvolveu o Projeto RUA SUSTENTÁVEL. Também adotou a Praça São Cristóvão (na mesma rua), onde realiza mensalmente Feirões da Economia Solidária aberto para comunidade local e da cidade.
Os estojos de lápis, que são disponibilizados aos estudantes pela Escola Vila, são confeccionados com material reciclado por uma comunidade assistida pelo grupo GIA – Grupo de Interesse Ambiental.
Ao longo do ano são feitas campanhas de alimentos, roupas e mochilas que são doadas para comunidades indígenas, instituições que atendem idosos, creches comunitárias e outras.